Lembra da época em que você pensou que adulto tinha todas as respostas? kkk
#6 Zero Pretensões e Sentimentos Aleatórios
Quem convive com crianças pequenas sabe que é muito comum que o pensamento venha antes da fala. O raciocínio está ali prontinho, mas a língua não acompanha e, ao invés de palavras, elas soltam aqueles sons indecifráveis, decodificados apenas pela mãe.
Na eminência de completar mais uma primavera, é assim que eu me sinto. São tantos planos e objetivos que não há papel que dê conta de organizar esses pensamentos. Minha habilidade em criar cenários é muito maior do que minha capacidade de ação. O novo ciclo reforça a ideia de folha em branco e vocês sabem que não há nada mais assustador do que isso.
Se de fato existe, quanto tempo será que Deus ficou olhando para o nada antes de criar o mundo? “Árvore verde, céu azul. Mas será mesmo? Por que não ao contrário? E mar? Coloco bicho ou não? Amanhecer é daora, mas será que vai ter alguém acordado pra ver? Melhor botar um pôr-do-sol só pra garantir”. Tendo a acreditar que se as redes sociais tivessem sido inventadas antes do mundo (numa fenda muito louca no espaço-tempo), Deus teria ficado paralisado pensando nas zilhões de possibilidades que tinha diante de si.
A verdade é que decidir dar uma guinada na vida é mais ou menos como brincar de Deus consigo mesmo. É a materialização da folha em branco. E isso, claro, apavora qualquer um. A Jout Jout tem um vídeo maravilhoso no qual fala que a gente deveria lidar melhor com o fato de não saber o que vai acontecer. Afinal, se você não sabe o que vai acontecer, absolutamente TUDO pode acontecer. Inclusive nada. Mas eu, como boa ansiosa, ainda não sei dar passos tão seguros em direção ao desconhecido. Eu vou (to indo), mas meio aos trancos e barrancos.
Nessas horas, a gente para, respira, lembra dos Titãs e do acaso que supostamente protege enquanto a gente anda por aí distraído. E torce pra dar certo!
Da semana
É com muito prazer e muita felicidade que eu digo que mal acompanhei as notícias de hard news da semana. A jornalista que habita em mim não se orgulha da alienação, mas a adulta preocupada com a saúde mental está em festa.
Curtinhas!
É muito cringe dizer que voltei a me viciar em Revenge? A série de 2011 tem vários furos no roteiro, mas é uma trama de vingança de-li-cio-sa nos Hamptons. Quem não gosta de ver bilionários se digladiando, não é mesmo? Tem no Star+.
Uma matéria muito boa sobre como a cultura pop vem retratando a saúde mental ao longo dos anos.
O mito da última grande ideia e porque você não deveria cair nessa.
O que eu to lendo no momento
Estou total e completamente apaixonada por Elke Maravilha. Lá em 2013 eu já tinha me encantado com a entrevista que ela deu para a Marília Gabriela, mas foi o livro do Chico Felitti que fez eu amá-la de vez. Ganhei de Dia dos Namorados na sexta e no almoço de domingo eu já tinha terminado. Não só porque o texto é fluido e uma delícia de ler, mas porque hoje em dia já não se fazem mais figuras como Elke, que fazia o que queria, dizia o que pensava, sem perder a doçura. Tenho a impressão de que estamos cada dia mais brutos.