Semana horrível para ser mulher no Brasil. E nos Estados Unidos. Acho que em qualquer lugar do mundo, porque o patriarcado não tá nem aí pra GPS. Era pra gente estar abrindo um debate muito importante sobre o aborto. Discutindo políticas públicas, pensando em formas de acolher essas mulheres. Mas não, estamos aqui presenciando absurdos.
De um lado, uma juíza impediu uma criança de 11 anos de fazer um aborto depois de ter sido estuprada. De outro, a atriz Klara Castanho conta em uma carta aberta como foi parir o fruto de um estupro, dar a criança para adoção e ainda ouvir do médico que ela seria obrigada a amar aquele bebê. Quer dizer, além da violência sexual, a mulher ainda é obrigada a conviver com outras micro violências que, apesar do tamanho, podem ser igualmente doloridas. A solução é o que? Nascer homem?
E não se iluda. Não são só as vítimas de violência sexual que tem que lidar com esse tipo de coisa. A todo momento, onde quer que a gente vá, tem alguém para questionar nossas escolhas – da roupa que vestimos à forma com que nos relacionamos, nossa carreira, casamento, religião, corte de cabelo, formato das sobrancelhas. Corpo então, nem se fala! Das coisas mais fúteis às mais fundamentais. Tudo, tudo, absolutamente tudo passa por um escrutínio público.
Cansa, revolta, irrita, magoa, exaspera. E quando somos levadas ao nosso limite – inclusive por outras mulheres – e reagimos, ouvimos que somos descontroladas, grossas, histéricas, histriônicas, ruidosas. Eu não sei vocês, mas eu cheguei no meu limite de ouvir calada.
Da semana
Falando de coisas boas, comecei a fazer a “Mini Oficina de Cartas de Amor”, da Tayná Saez. Se você curte escrever, PRECISA assinar a news “Sutilezas Atômicas” e seguir o perfil no Instagram. É puro amor e uma doce de sensibilidade mais que bem-vinda nesses dias turbulentos.
Curtinhas
Onde foram parar as boas comédias românticas? Essa lista aqui tem 50!
Como a linguagem molda a nossa forma de pensar?
Toda a minha admiração por quem tem talento (e paciência) de fazer um negócio desses!
O que eu to lendo?
Dia desses, passeando por uma livraria, abri um livrinho chamado “Terapeuta de Bolso”, da Therese Borchard. Em um dos capítulos, ela fala que nunca tinha saído decepcionada de um açougue por não ter conseguido comprar uma calça jeans, mas que frequentemente fazia isso com os relacionamentos. Ou seja, esperava das pessoas algo que elas não tinham pra dar, entrando num círculo de frustração sem fim. Depois de sofrer muito com essas decepções, hoje ela fazia o possível para entrar numa padaria sempre que queria comprar um pão. Analogia muito justa.
Aliás, o livro todo é assim. Composto por pequenos textos que falam sobre vida, relacionamentos e saúde mental, é uma leitura rapidinha e deliciosa! Recomendo muito!