Tem dias que eu sinto uma grande inquietação. Meus pensamentos seguem velocidades aleatórias, ora parecem estar descendo uma ladeira sem nenhum tipo de freio, ora parecem estar deitados em cima de um cágado, tomando sol, sem o menor senso de urgência.
Treinada por anos de terapia, me investigo, olho para mim e pareço não me reconhecer. No sentido metafórico, sim, mas também no literal. Me vejo no espelho e fico me perguntando quando foi que surgiram essas marcas ao redor dos olhos. A que preocupação elas se devem: aos boletos básicos do dia a dia ou aquela ansiedade que me tira o sono poucos minutos antes de dormir?
Dentro da cabeça, há um circo. Mas ninguém respeita o ato de ninguém, todos estão no picadeiro ao mesmo tempo, disputando espaços uns com os outros. Um malabarista brinca com fogo, uma menina se equilibra em um monociclo, um homem atira facas em um alvo humano. Eu sou, de uma só vez, o homem, a faca e o alvo.
Nada do que eu faço está bom. Os textos começam a ser escritos, mas param no meio do caminho, interrompidos por um “não, isso não presta”. Fosse outro dia, esse texto veria o mundo e seria visto por ele. Mas não nos dias da Grande Inquietação. Ideias nascem e morrem com a mesma facilidade.
O corpo parece não entender o que está acontecendo. Sinto fome, muita fome, sede, muita sede. Vontade de comer mesmo? Nenhuma. Vem a pressão na nuca. Será que estou infartando? Ou será o calor? Deito para descansar e vem a culpa. “Po, tanta coisa para fazer.”
Começo então a lista de afazeres, ainda deitada. Preciso lavar a louça, fazer supermercado, comprar as coisas da dieta, botar roupa pra bater. Por falar em roupa, queria umas blusinhas novas, um vestido para o verão. Pego o celular, entro no instagram das marcas preferidas. Não acho nada. Olho o armário e acho tudo muito triste. Muito preto, tem anos que não estou de luto. “Queria ser mais colorida, mas na minha idade? Será que não fico ridícula?”.
Levanto, vou ao banheiro me olhar no espelho, só para ter o prazer cruel de constatar que sim, estou ridícula. Sinto uma pressão no ventre, me sento na privada e, aí sim, entendo a Grande Inquietação. Menstruei.
Curtinhas!
“Tudo o que você quer ser, você já é”. Um texto sobre vontades e caminhos da
.Egito, Olodum e mais um monte de informação que você só encontra na .
Dica roubartilhada da
direto da : uma newsletter com tour por escrivaninhas. Meu lado vouyer decorativa agradece!Uma lista de favoritos e, sim: tudo é endometriose.
Dicas de filmes com bons roteiros no Instagram da
.O que eu estou lendo?
Preciso dizer que Intermezzo e Louças de Família já foram devidamente abandonados. Triste, eu sei, mas quem sabe eu volto um dia? A vida é curta pra se forçar a ler livros que não rendem. Por outro lado, Nós, mulheres, segue de vento em popa. Para os momentos de espera na rua, comecei a ler A causa secreta e outros contos de horror, coletânea curtinha, perfeita para levar na bolsa. Digo logo: poucas histórias me causaram tanta agonia quanto A Selvagem, do Bram Stoker. Mas vale demais a leitura!
E não custa lembrar: os livros que eu cito aqui nessa newsletter sempre vêm acompanhados de um link de afiliado da Amazon. Ao comprar qualquer item através desses links, eu ganho uma pequena porcentagem e você não paga nada mais por isso. Vamos ajudar essa produtora de conteúdo a adquirir mais livros e falar mais sobre eles, em um ciclo sem fim de bons conteúdos na internet? :)
QUE TEXTO <3
Tem meses que sinto as mesmas coisas e já sei que é ela vindo.
Quando ela aponta no papel higiênico eu dou aquela risada de alívio porque as doideiras vão passar.
Um beijo