Quais são as pecinhas que montam o seu quebra-cabeça? Quais são as milhares de pequenas referências que, juntas, formam a sua personalidade? Ando me perguntando isso desde que soube da morte de Matthew Perry. Aos 54 anos, depois de uma vida inteira lutando contra o alcoolismo e a dependência química, ele se foi desse mundo, aparentemente afogado na banheira de hidromassagem da sua casa. Nos inúmeros cômodos, nem sinal de bebidas alcoólicas ou drogas ilícitas. O Universo é irônico e, às vezes, um cadinho filho da p*ta.
Em mim, e acredito que em muita gente da minha geração, a notícia chegou a dar uma dor física no peito. Voltando ali ao início do texto, Matthew Perry era um dos meus pedacinhos. E eu só fui me dar conta disso em dezembro do ano passado, quando decidi incluir os episódios de Natal de Friends na programação dessa família viciada em comédias românticas natalinas.
Meu marido, até então um membro fiel do fã-clube de How I met your mother, se rendeu às evidências: não há sitcom melhor do que Friends, não importa o quão mal as piadas tenham envelhecido. Passamos boa parte de 2023 assistindo a TODAS as temporadas. Isso sem falar nos cortes postados no Instagram, que lotavam nossos inbox quase diariamente. Durante meses, nós nos comunicávamos com cenas da série.
Eu sempre me identifiquei (ou quis me identificar) com a Rachel. Precisei rever todos os episódios pela terceira ou quarta vez depois de adulta para perceber que, na verdade, foi o Chandler que moldou a minha forma de ver o mundo. O sarcasmo, o humor autodepreciativo e o prazer inenarrável em fazer os outros rirem. Matthew Perry e suas piadas (muitas vezes escritas em pé, no meio do set) entraram no meu imaginário de tal forma que só anos depois eu consegui reconhecer a origem de algumas expressões que eu uso até hoje, quase 20 anos depois do fim da série.
Essa semana, uma geração inteira acordou com uma pecinha a menos no quebra-cabeça. Não há hoje um único fã de Friends que não esteja se sentindo incompleto. E por mais que a saudade de alguém que você nunca viu seja uma sensação muito estranha, ela é absolutamente real e quase palpável. Todos nós acabamos de perder um amigo.
Curtinhas!
Algumas das homenagens mais lindas que eu vi nos últimos dias...
10 momentos em que Matthew Perry fez o elenco rir durante as gravações.
Charlie Puth cantando “I’ll be there for you” em Melbourne.
Essa referência à última fala da série.
Esse vídeo da @crisepanda (assino embaixo).
O que eu estou lendo?
“Contos de Horror da América Latina” é um livrinho delícia que veio na caixinha da TAG esse mês. São contos bem curtinhos, de autores como Humberto de Campos, Lima Barreto, Horacio Quiroga e Machado de Assis. Vale o destaque para o tenebroso “Os Porcos”, da Júlia Lopes de Almeida.
E vocês, andam lendo o que por aí?
E você já sabe: ao comprar qualquer item através dos links dessa news você ajuda essa produtora de conteúdo a adquirir mais livros, em um ciclo sem fim de bons conteúdos na internet. :)
Demorei um pouco para ler esta news. Mas cá estou. Ainda dói muito a ausência dessa pecinha que se foi. Mattew Perry e Chandler fazem parte da pessoa que hoje sou. Principalmente naquilo que você mesma refletiu, as piadas, os sarcasmos e a autodepreciação. Eu assistia Friends por causa dele. Apenas dele.
Eu e meu marido nos comunicamos por frases de The Office, que é nossa série conforto pra ver juntos, mas Friends é meu xodó pra ver comigo mesma. Coloco quando tô cansada, quando tô estressada, quando não quero pensar em nada. Ela cresceu comigo. Foram muitas risadas com o Chandler... É triste demais saber de tudo que o Matthew Perry passou enquanto nos proporcionava isso. Uma pessoa vulnerável e corajosa que foi muito cedo. :(