Escrevo esse texto domingo à noite, depois de ter visto diversas homenagens para as mães nas redes sociais. Confesso que acho lindo esse movimento, gosto de ver as demonstrações públicas de afeto, tanto das mães quanto dos filhos e me emociono muitas vezes ao longo do dia. Só não me identifico.
Estou longe de ter uma mãe perversa, estilo “Mamãezinha Querida”. Minha mãe nunca me bateu, nunca me maltratou e tenho certeza de que deseja profundamente minha felicidade. Mas nem por isso “saudável” é um adjetivo que se aplica à nossa relação.
Ao contrário do relacionamento entre pais e filhas, geralmente muito mais fácil e mais fluido, o de uma mãe com uma filha mulher costuma ser bem mais conturbado. Embaixo de uma camada de amor e cuidado é comum encontrar algumas outras de ressentimento, culpa, chantagem emocional e… [complete a frase com seu trauma pessoal].
Lembrar que nossa mãe também é uma mulher ajuda. (Parece óbvio, mas acredite, é muito fácil esquecer esse “detalhe”). Ela também passou por traumas, por abusos, errou tentando acertar, acertou tentando acertar e não foi reconhecida por isso, entre outras diversas situações inerentes à existência feminina.
Pense na vida da sua mãe e tente imaginar como seria aconselhar uma amiga com os mesmos problemas. O que você diria? O que você faria? A empatia parece fluir muito mais livremente, né? Mas à medida que os traumas se misturam, que as feridas maternas resvalam em quem veio depois, é difícil não se ressentir.
A boa notícia é que a terapia está aí para isso e nunca é tarde para trabalhar em prol dessa relação, tão complexa quanto bonita. Veja bem: não estou aqui para romantizar e nem para amenizar abusos com frases batidas do tipo “mãe é mãe”, “mãe só tem uma” ou qualquer bobagem que você esteja acostumada a ver nas propagandas. Cada um sabe de si, sente onde o calo aperta e estabelece os próprios limites. Não estamos aqui para julgar.
Mas, considerando nosso tempo finito sobre esta terra, vale a pena tentar fazer o seu melhor. Mesmo que o melhor, em alguns casos, seja a ausência.
Da semana
Os rios voltaram a subir no Rio Grande do Sul e as enchentes podem piorar nos próximos dias. Então, nossa ajuda continua! Na semana passada conseguimos doar mais de R$ 2000 em ração para cães e gatos do Sul e já estamos indo para a terceira leva de doações!
Quer fazer parte dessa corrente? Doe qualquer quantia para o pix doguinhosdors@gmail.com. Toda a verba arrecadada será revertida em ração e enviada para os animais resgatados. Saiba mais nesse post:
Curtinhas!
Não estamos sozinhas! Drew Barrymore, Jennette McCurdy e as relações complicadas com suas mães.
Elvis e suas listas. Esse post poderia ter sido escrito por mim.
Pantone não vende cor, vende consistência. E isso acalma meu coração ansioso.
Amo mapas temáticos. Esse mostra os sobrenomes mais comuns pelo mundo.
Como Shonda Rhimes mudou o modo como nossa geração fala.
O que eu estou lendo?
Já falei aqui do Dedo de Prosa, clube do livro da @sutilezasatomicas, né? A leitura de maio é “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e eu to bem feliz de reencontrar Machado, que eu não via desde a época da faculdade. E já deixo a dica: se você leu Machado de Assis na adolescência ou na juventude, dê mais uma chance na idade adulta. É uma experiência completamente diferente e vale cada segundo.
E você já sabe: ao comprar qualquer item através dos links dessa news você ajuda essa produtora de conteúdo a adquirir mais livros e falar mais sobre eles, em um ciclo sem fim de bons conteúdos na internet. :)
a gente nunca pode perder de vista que mães e pais não são os super-heróis que as pessoas gostam de pintar. lembrar que eles também são humanos, que erram e acertam, ajuda a tornar as relações mais reais, menos romantizadas.
Minha relação com a minha mãe é bem complicada, e fico pensando como minha filha vai se sentir em relação a mim. Não quero que ela sinta por mim o que eu sinto pela minha mãe, que na verdade é um misto de sentimentos de amor e ódio. Será que isso é inevitável? Enfim, não tem como saber como será o futuro. Um bjão