Dividir suas descobertas com o outro é um ato de amor. Se hoje é relativamente simples monetizar o conteúdo que produzimos na internet (um salve para o Substack, inclusive!) houve uma época em que dávamos dicas de filmes, livros, restaurantes só pelo simples prazer de dividir algo legal com o mundo. Ok, os mais cínicos dirão que é também uma vontade de se mostrar descolado, mas esse não é o ponto desse texto.
Eu, desde que me entendo por gente, falo sobre as coisas que leio e vejo por aí. E não é força de expressão. Aos 8 anos, com a ajuda do meu pai e um programa chamado Publisher, eu criei meus primeiros jornaizinhos. Eles eram uma mistura de Segundo Caderno para crianças com os fanzines da década de 90 e atingiram a marca excepcional de seis assinantes: meu pai, minha mãe, minha madrasta, meu padrasto, minha avó e minha madrinha. Um best-seller, praticamente.
Quase 30 anos se passaram e eu sigo fazendo a mesma coisa aqui, nessa newsletter, no Instagram, no LinkedIn e onde mais deixarem eu publicar um texto. Mas se tem uma audiência que eu ainda não consegui atingir é o meu marido. Guilherme tem um zilhão de qualidades, mas um defeito grave – que vem sendo combatido com diligência - ele não gosta de assistir filmes que eu já vi.
Tem uma coisa bonita nisso que é o prazer de descobrir, juntos, novas histórias. Concordo. Mas é que as dicas são minha linguagem do amor e eu sinto uma felicidade indizível quando apresento para ele algo que gosto muito. Então, sem orgulho, mas também sem arrependimentos, eu confesso: às vezes eu minto. O problema disso é que eu sou empolgada, e lá pelas tantas, imersa na história, eu solto um “presta atenção nessa cena” ou um “ai, eu adoro essa parte”. E aí lá se foi a farsa.
Foi desse jeitinho, assim como quem não quer nada, que eu apresentei para ele pérolas como: “Capitão Fantástico”, “A Felicidade não se Compra”, “A Mentira” e mais recentemente, a trilogia do Antes, do Richard Linklater. Eu tinha certeza de que ele gostaria dos filmes e não me enganei. Vimos os dois primeiros e vamos assistir ao terceiro em breve.
É um prazerzinho singelo esse, quase como abrir uma frestinha da cortina pro seu passado e falar “olha, essa sou eu. Eu gosto disso aqui e espero que você goste também!”. Lembra quando éramos adolescentes e um insulto a nossa banda favorita era quase como uma ofensa pessoal? Pois o contrário também é verdadeiro. Quando alguém gosta de algo que é muito importante para nós, é quase um ‘eu te amo’ disfarçado.
E se, ao final dessa newsletter, você sentir vontade de me mandar um carinho, é só recomendar aqui um livro, um filme, uma série, uma música ou algo que você goste muito, tá?
Da semana
Eu não sou exatamente uma grande fã de funk, mas como sou nascida e criada no Rio, é impossível não lamentar a falta que o Mc Marcinho vai fazer. “Glamurosa” foi trilha sonora da minha geração e hit absoluto em todas as festas cariocas. Você pode até não curtir o gênero, mas já passou da hora de a gente reconhecer o talento de pessoas como ele.
Curtinhas!
Por falar em dica de filme, acabei de ver essa delícia. Abe é dirigido pelo Fernando Grostein (criador do “Quebrando o Tabu”) e conta a história de um menino israelense/judeu-palestino/muçulmano-americano que tenta usar seu talento na cozinha para unir a família. Ele vai receber ajuda do chef Chico, brasileiro especialista em culinária fusion. Abe é interpretado pelo Noah Schnapp (de Stranger Things) e Chico por ninguém menos do que Seu Jorge. Tem na Netflix!
Intervenções violentas em psicoterapia.
Um site para quem AMA astros e estrelas (de verdade, e não os da TV).
Se você ainda tem preconceito com autoajuda, precisa ler essa matéria da Carol Ruhman Sandler.
O que eu estou lendo?
E já que a
liberou a nossa culpa de ler autoajuda, venho aqui sem medo de dizer que estou relendo “O Poder do Hábito”. O livro é, na verdade, um estudo muito embasado sobre como nosso cérebro processa a rotina e como desenvolver hábitos saudáveis. A leitura faz parte de uma pesquisa para a minha consultoria de marca pessoal e desenvolvimento de repertório. Quer que eu fale mais sobre isso? Comenta aqui!Lembrando que ao comprar qualquer produto através dos links dessa news, você contribui com a minha escrita e me ajuda a comprar mais livros em um ciclo sem fiiiiim de produção de conteúdo bom na internet.
E lendo o comentário da Nayara agora me veio o insight de que esse é um traço da sua identidade. Logo, você usa os elementos da comunicação com propósito pra destacar o seu jeito de apresentar essas dicas como forma de amor e cuidado - esse texto é um exemplo disso 🤩
Tati, de fato, dar dicas é uma forma de amor! Lendo esse texto de hoje, só me veio o meme da Nazaré fazendo cálculos (Guilherme descobrindo tudo). Estava falando recentemente sobre essa coisa de querer que o outro consuma algo que já vi só pelo simples fato de "isso tem de mim". Haha me identifiquei com seu Jornal, quando eu era criança eu escrevia livros infantis (seria isso um sinal) e costurava (outro sinal?)