Gosto de reservar o mês do meu aniversário para aqueles livros que eu venho guardando a tempos, filmes que aqueçam o coração e séries que exijam o mínimo possível do meu cérebro. Missão cumprida com sucesso, vem ver o que vi/li/descobri nas últimas semanas.
Livros
Se não fossem as sílabas do sábado, Mariana Salomão Carrara: de onde surge a amizade feminina? Nesse livro, surge de um suicídio. André, marido de Ana, está saindo do prédio bem na hora em que um vizinho, marido de Madalena, se joga pela janela. A partir de então, a vida das duas se entrelaça para sempre, nessa narrativa que fala de luto, perdas, culpas, família, maternidade, solidão. A escrita da Mari é sensível, mas sem malabarismos literários, sabe? Foi meu primeiro contato com a escrita dela e eu estou apaixonada, louca para ler a obra completa.
O vício dos livros, Afonso Cruz: um livro curtinho e delicioso sobre o amor pela literatura. Nessa coletânea de ensaios, o autor de “Vamos comprar um poeta” fala sobre seus títulos preferidos e conta “causos” divertidos sobre outros escritores. Presente certeiro para quem ama ler.
Como ler literatura, Terry Eagleton: nunca pensei que um livro teórico pudesse me fazer dar tanta risada. Mas a escrita de Terry Eagleton é tão fluida e ele, tão sarcástico, que volta e meia me peguei gargalhando. Nesse livro, ele dá um panorama dos elementos da literatura, jogando luz no que devemos prestar atenção ao ler um romance. Li para me preparar para o mestrado, mas recomendo para todo mundo que goste de uma boa história.
Carrie Soto está de volta, Taylor Jenkins Reed: Carrie Soto é uma das melhores tenistas do mundo e, já aposentada, vê seu recorde sendo ameaçado por uma novata. Aos 37 anos, ela decide então voltar às quadras para defender seus títulos. O motivo é nobre, mas Carrie é extremamente arrogante. E olha, até eu que gosto de livros com personagens detestáveis, tive dificuldade de engolir essa. Além de chata, ela é plana e só vai melhorar bem lá para o final do livro. Leia se você amar o esporte, se não, vá sem dó para os livros mais famosos da autora.
Filmes
Um lugar bem longe daqui: Kya Clark (Daisy Edgar-Jones) é abandonada pela família no meio de um brejo e cresce sozinha observando os pássaros e recolhendo mariscos. A vida segue uma relativa normalidade até um rapaz ser encontrado morto na região. Produzido pela Hello Sunshine, o filme desenvolve bem os personagens, mas fiquei curiosa para ler o livro e pescar detalhes mais complexos de desenvolver nas telas. Agora, um detalhe: o título original pode ser traduzido como “Onde cantam os lagostins”. Não é muito mais poético do que “Um lugar longe daqui”, que tem carinha de sessão da tarde?
O Jogo da Imitação: o filme conta a história real de Alan Turing, o pai do computador. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele se junta a um time de criptógrafos para tentar desvendar o Enigma, código usado pelo exército alemão. Uma vez decifrada as mensagens, os Aliados ganhariam a guerra. O problema é que Turing é claramente neuro divergente, não tem nenhum traquejo social e ainda é extremamente arrogante. A forma como o personagem evolui ao longo da narrativa e começa a se abrir para as pessoas é comovente. O elenco ainda conta com Keira Knightley e Matthew Goode, meu crush eterno.
Um senhor estagiário: é sempre bom ver um filme sobre trabalho que não se passe em um ambiente Chernobyl. É o caso dessa comédia com o Robert de Niro e a Anne Hathaway. Ela interpreta Jules, uma autêntica millennial, criadora de um e-commerce de milhões. Ele é Ben Whitaker, um viúvo de 70 anos que, para voltar a se ocupar depois da morte da mulher, se candidata a um programa de estágio na empresa. Obviamente, as melhores piadas vêm do choque de gerações, mas também da interpretação incrível dos dois. Leve, divertido, daqueles para assistir com brigadeiro e edredon.
Séries
The Bold Type: se a Runway, revista de “O Diabo Veste Prada” fosse dirigida por uma editora menos psicótica, ela seria a Scarlet, publicação onde trabalham as protagonistas dessa série deliciosa de assistir. Sutton, Kat e Jane são três amigas completamente diferentes, que tentam subir na carreira enquanto lidam com seus dramas pessoais. O enredo não é lá muito inovador, mas a série lida bem com questões mais atuais, como feminismo, racismo, xenofobia, e ainda traz um exemplo de liderança inspiradora de verdade. Está disponível na Amazon Prime e na Globoplay.
Música
Podem me chamar de saudosista, mas 1999 foi o melhor ano para o rock internacional. Ouvi Dave Grohl falando sobre o significado - nada profundo! - de Learn to Fly (ele escreveu em uma época em que queria ser piloto), bateu saudades e resolvi resgatar essa e outras músicas. “Nothing Left to Lose” é realmente um álbum muito bom, e só não é o melhor do ano porque o Red Hot lançou “Californication” e aí não há como competir.
Podcast
“Grandes Infelices” é um podcast que conta um pouco da vida de grandes escritores e suas principais obras. Descobri pesquisando mais sobre Shirley Jackson (tema do meu projeto de pesquisa para o mestrado), mas tem vários episódios interessantes, inclusive sobre Clarice Lispector! Tem no Spotify.
Perfil
Eu estava contando os segundos para ser liberada para correr e voltar à musculação pós-cirurgia (ok, para a musculação talvez eu não estivesse tão ansiosa assim) e um dos maiores “culpados” pela minha ansiedade é o perfil do @treinadorpp, também conhecido como “correr é bom demais, tá maluco!”. Pedro Paulo começou a correr para combater uma depressão e comprovou o que eu já sabia: para saúde mental, não tem exercício melhor. Amo a forma descomplicada como ele fala de corrida, vale muito o follow.
Newsletter
Na minha última ida à livraria, fiquei folheando o livro da
, o “Expansão Marítima”. Como faço parte da classe E, de “Esperando o cartão virar”, ainda não foi dessa vez que trouxe ele pra casa. Porém, sigo devorando , a newsletter da Taís aqui no Substack. Pelo que li, o livro é tão delicioso quanto!Aleatoriedades
Chegará o dia em que a aleatoriedade dessa newsletter não será comida, mas esse dia não é hoje. Essa semana experimentamos a pizza da Officina Local, pizzaria que abriu faz pouco tempo na rua Arnaldo Quintela, em Botafogo. Sim, aquela que foi eleita a oitava rua mais legal do mundo. Recomendo demais a Focaccina com ratatouille de entrada e a pizza Tres Pesti como prato principal. Os drinks também são interessantes, mas a quantidade deixa um pouco a desejar. No mais, vale a visita!
Dois avisos importantes:
A partir de julho, esse compilado de dicas vai fazer parte do plano pago da newsletter! Sim, esse projeto vai sair do papel. A partir do dia 14 de julho, assinantes pagos vão receber um texto extra sobre literatura e/ou escrita e a curadoria de dicas no fim do mês. Eu já comecei a escrever o material e, olha, te digo que vale a pena, viu?
Como sempre, ao comprar quaisquer itens através do link dessa news, você ajuda essa produtora de conteúdo e não paga nada a mais por isso!
A todos que me leem, me seguem e me assinam, meu muito obrigada! Escrever é muito mais legal quanto tem gente bacana para ler!
The Bold Type é incrível, uma das minha séries favoritas da vida 🥹 queria ser a Jane e morar em Nova York escrevendo reportagens incríveis!
E O Jogo da Imitação é incrível - sou suspeita porque amo o Benedict Cumberbatch, então…
dicas de livros anotadas!