Tomei uma decisão. Agora quem pauta minha terapia sou eu. Nada mais justo, já que quem paga sou eu mesma. O que isso quer dizer? Se em algum momento da vida eu me deparar com uma situação na qual ficar em silêncio vai me fazer levar o assunto para o consultório e ficar remoendo por cinco sessões seguidas, eu vou falar. Na hora. Sem censura. Afinal, eu e minha psicóloga temos mais o que fazer.
“Ah, mas isso pode levar a gente a dizer coisas e se arrepender depois”. Pode. To aceitando o risco. Porque o que não dá mais é pra ficar calada e me arrepender na hora. E quando eu digo na hora tô sendo exata. No momento em que escolho não me posicionar, eu já me arrependi.
“Ah, mas vai ficar um climão”. Vai. Mas pode reparar: quase sempre quem acende o forno para assar a torta de climão sai de bonito, e a gente, que zela pelo todo, é que se queima. Ok, permita-me reformular essa frase eliminando o bom-mocismo. A gente, que é people pleaser e tem horror a desagradar, é que se queima.
Nós, humanos com acesso à internet, temos a tendência a separar pessoas e coisas em caixinhas. Não sei porque isso se dá, mas acredito que seja uma forma de tentar dar contorno a um mundo caótico. Então, mesmo que você não se posicione, acredite: alguém vai fazer isso por você. Tem aí uma frase de efeito que essa profissional de branding que vos fala já ouviu 375 vezes? Tem. Mas tem um tanto de verdade também.
Puxe aí pela memória a época das eleições para presidente. Se um dos influenciadores que você segue não demonstrou claramente o que pensava sobre um candidato ou outro, muito provavelmente ele ganhou o rótulo de “isentão”. Aquela amiga que tem preguiça de discordar do namorado ou escolher o programa é “submissa”. Aquela menina no trabalho que aceita tudo e nunca reclama? “Trouxa”. Pera, essa sou eu.
Enfim, o ponto aqui é: se a gente não fala, não mostra quem é de verdade, os outros acabam nos definindo de acordo com sua própria visão de mundo. E olha, raramente essa definição é elogiosa. Aliás, a definição, por definição, é limitante. Não dá conta da complexidade que a gente é. Então, vale mais mostrar todas as nossas cores e deixar que apreciem (ou não) o quadro. (E se sentir confortável com o “ou não”, mas isso é outra história).
Vai ser indolor? Não. Vão gostar de quem a gente é? Não necessariamente. Sustentar o incômodo alheio é mamão com açúcar? Jamais. Mas, se o desconforto for inevitável, que ele seja dividido por dois. Eu tô cansada, gente, dou nem conta de carregar esse fardo sozinha. Então, estou aqui largando esse peso no chão. Sugiro fortemente que você faça o mesmo.
Curtinhas!
Como se reencontrar com seu amor. Uma matéria necessária em tempos de smartphone.
A livraria Argumento é uma das minhas favoritas no Rio e aparece no filme “Ainda Estou Aqui”.
Por falar em livraria, a Cultura reabriu em São Paulo em um casarão em Higienópolis. Já quero conhecer.
Apaixonada pelo apê do Alexandre. Dá pra ver no YouTube também.
Argentina, a literatura da perda.
O que eu estou lendo?
Desde que li Bruxas, da Brenda Lozano, ando bem interessada em dinâmicas de família. Principalmente entre irmãs. Olá, querida me atraiu de cara pela capa, e depois pela premissa: quatro irmãs são inseparáveis até que algo acontece e abala essa relação. O que é esse algo? Não sei, não cheguei lá ainda, mas o caminho até a descoberta está bem interessante e me fez largar (momentaneamente) todos os cinco livros que eu estava lendo em paralelo (o nome disso é ansiedade).
E não custa lembrar: os livros que eu cito aqui nessa newsletter sempre vêm acompanhados de um link de afiliado da Amazon. Ao comprar qualquer item através desses links, eu ganho uma pequena porcentagem e você não paga nada mais por isso. Vamos ajudar essa produtora de conteúdo a adquirir mais livros e falar mais sobre eles, em um ciclo sem fim de bons conteúdos na internet? :)
Nossa, sim sim sim! Falar é muito importante - e como é desafiador, né? (Eu tatuei “Speak Now” no pulso direito pra ver se lembro de desentalar.) às vezes me arrependo de falar, sim, mas lido melhor com o que coloquei pra fora que o contrário. E bom, como você disse, a terapia quem paga é a gente hahaha
concordo com você: nada de guardar o que nos faz mal. se algo incomoda, é bom que seja dito. o desafio tem que ser encontrar a melhor forma de falar (e também escutar o outro), e não ficar guardando para si.