Sobre escrever em primeira pessoa (e não me desculpar por isso)
#72 Zero Pretensões e Sentimentos Aleatórios
Quem faz terapia já deve ter passado pela experiência de pensar “hum, não tenho nada para falar na sessão de hoje” e sair do consultório com os traumas escarafunchados. Geralmente, é nesses momentos que o processo terapêutico realmente faz valer o investimento.
Escrever essa newsletter sempre teve um efeito parecido em mim. Às vezes, sento para escrever sobre um livro ou sobre um filme que me marcaram. Estudo, pesquiso referências e… fuén! Ninguém comenta, ninguém curte. Ou seja, não dá liga, não cumpre o objetivo que, no meu caso, é me conectar com quem me lê. (Em tempo: não vou parar de falar sobre livros e filmes, tá? Eles são uma parte importante de mim.)
Mas se eu sento sem pauta definida e simplesmente coloco pra fora aquilo que está me angustiando ou me dando uma alegria imensa… pronto! Alguém se identifica, se sente representado. E eu, consequentemente, me sinto menos sozinha nesse mundão.
Acredito que muitos que me leem aqui vão se identificar: lá pelos anos 90, gostar de ler e escrever eram atividades que te colocavam automaticamente na caixinha dos nerds (CDFs, na nossa época). Não era bonito, não era cool, o que fazia com que muita gente (essa que vos escreve, inclusive) se sentisse um ET.
Me conectar com alguém através da escrita (ou do gosto literário) é uma sensação nova pra mim, e acredito que ela seja fruto da honestidade e da vulnerabilidade que eu coloco em cada texto meu. Não é uma escolha consciente, eu simplesmente não sei escrever de outro jeito.
Várias amigas me incentivam a dar aulas de escrita porque gostam da forma como eu componho meus textos, mas eu resisto justamente por isso: minha escrita é 100% intuitiva. Não sei se a distribuição dos parágrafos está correta, uso adjetivos demais, sempre sobra uma palavra ou outra que um escritor mais experiente teria suprimido da frase. Esses são detalhes que eu vou aprimorando com o tempo, com a prática e, principalmente, com a constância. (Por exemplo, deveria eu ter apagado o “principalmente” da frase anterior? Não sei. Deixei.)
Digo isso para incentivar todo mundo que me lê aqui a escrever também. Coloque para fora seus sentimentos, siga o conselho que eu dei aqui nessa nota.
Não importa se de início você vai ter um leitor ou dez ou mil. O que importa é se expressar, da forma como você quiser e souber fazer no momento. Sempre dá pra melhorar. Seu escritor favorito não começou escrevendo uma obra-prima (se sim, ele é a exceção e não a regra). Não se importe com o entorno. Aqui no Substack você encontra de tudo: de autores publicados a pessoas que só agora tomaram coragem para mostrar o que escrevem.
Não tenha medo, junte-se a nós. A água tá quentinha e dá pé.
Curtinhas!
vai virar livro e eu já estou louca pra ler! Sobre fazer o básico antes de reinventar a roda: texto necessário da
!A cultura do cancelamento é um fenômeno que me intriga e me choca em igual medida. To muito afim de ler esse livro. ancelamento/
Lindeza roubartilhada da
lá no Instagram.Tatiana Salem Levy é uma das minhas escritoras contemporâneas favoritas e essa matéria explica o porquê.
Uma lista de coisas que todo mundo deveria fazer para ser mais feliz:
O que eu estou lendo?
Já comentei aqui que sou fã de narrativas de terror. Tanto que estou considerando fazer um mestrado e pesquisar o tema mais a fundo. Para ir escolhendo caminhos e testando possibilidades, decidi ler algumas obras teóricas. Em “Dança Macabra”, o mestre do terror Stephen King analiza o gênero e como ele é retratado no cinema e na literatura.
E para relaxar nas horas vagas, comecei a ler “Querido Edward”, um romance sobre um menino de 12 anos que é o único sobrevivente de uma queda de avião. Foi adaptado para uma série da Apple TV.
E você já sabe: ao comprar qualquer item através dos links dessa news você ajuda essa produtora de conteúdo a adquirir mais livros e falar mais sobre eles, em um ciclo sem fim de bons conteúdos na internet. :)
Me identifiquei com cada palavra, desde a nerd et até a que não consegue escrever de outra forma. É por isso que estamos aqui!!! Obrigada!
Oi, Tati! Faz muito tempo que quero ter uma newsletter mas ainda me falta coragem. Seu texto, porém, foi um empurrãozinho na direção certa.