Se falar de Fernanda Torres é chover no molhado, já peço desculpas logo no primeiro parágrafo e sugiro gentilmente que abram seus guarda-chuvas, porque não há outro assunto possível. Não hoje.
Mas há, sim, um zilhão de recortes possíveis. Podemos falar do talento que, claramente, corre nas veias dessa família, do quão simbólico é receber o Globo de Ouro das mãos da Viola Davis, da reação impagável da suposta “rival” Tilda Swinton. Podemos invocar o (nefasto) passado e dizer que há três anos esse movimento bonito de orgulho em ser brasileiro não seria possível. Podemos falar sobre a importância de um filme como Ainda estou aqui, da grandiosidade da Eunice Paiva.
Podemos até recorrer aos memes, essa forma mais sublime de arte, e dizer que nossa “Pikachu totalmente drogada” venceu, e vencemos todos. Há mil maneiras de interpretar o acontecimento de ontem à noite, e não faltarão palavras rebuscadas em uma língua tão bonita quanto o português. Mas nenhuma frase traduzirá melhor do que simplesmente: estamos felizes para c$#@&!
E nem me venham comparar com a Copa do Mundo, porque o futebol tá cheio de “ídolo” tosco, e Fernanda ganhou com graça e elegância, equilibrando o genuíno “estou feliz só de estar aqui” com o “eu dedico esse prêmio à minha mãe”, que foi garfada no Oscar porque um tarado queria pegar uma jovem atriz que hoje usa a estatueta como peso de porta. (Percebam: ela é elegante, eu não.) Eu estou aqui comemorando com a mesma alegria que comemorei Anitta no Top 1 Mundial do Spotify - só não desci até o chão porque os quadris não me permitem mais. E só não mandei um “chupa, Hollywood!” porque sou fã de Kate Winslet e Tilda Swinton e não quero que me tirem a carteirinha de feminista.
Todas são excelentes atrizes e merecedoras. Porém, como bem salientou algum gênio na internet, Fernanda seria capaz de interpretar o papel de qualquer uma ali, mas ninguém, NINGUÉM, poderia interpretar a Sueli. Dobro a aposta: nem a Vani. Mas eu gostaria de vê-las tentando.
Por mais ou menos trinta segundos, meu lado cínico fica se perguntando se a gente precisava mesmo dessa validação ou se isso faz parte do nosso complexo de vira-lata. Afinal, a gente já sabia, desde Os Normais, que Fernanda Torres é PHODA, com PH de farmácia. Mas dura pouco esse meu cinismo. Ele logo dá lugar a um orgulho imenso de ser brasileira, de acompanhar essa carreira há tanto tempo, de rir de todos os seus memes, de ler todos os seus livros. Ela é um acontecimento, a gente já sabia, e agora chegou a hora de o mundo saber também.
Eu costumava dizer que todos os meus ídolos já tinham morrido. Hoje não digo mais. Nanda está vivíssima! Que venha o Oscar!
Curtinhas!
E antes que me acusem de ser “fã-modinha”, eu sou dessa época aqui ó:
Essa entrevista do Roda Viva só confirmou que ela é incrível.
Agora, parando rapidamente (pelo menos por enquanto) de puxar o saco de Fernanda Torres, quem é fã de Jane Austen não pode perder esse projeto da Senhora Bennet!
A também está com o catálogo de cursos de férias aberto! Ex-alunos tem 50% de desconto e dá pra fazer a festa. Mas só dá para comprar até o dia 15/01 e assistir as aulas até o dia 31/01, então corre!
Sobre envelhecer sem ficar velha.
O que eu estou lendo?
O ano começou animado nas leituras por aqui. Além de Longa Pétala de Mar, livro que me propus a ler em janeiro (você confere a listinha aqui), estou lendo More baths less talking, uma coletânea de colunas do Nick Hornby para a revista Believer (antes que você se espante com o preço, custava R$ 16 quando eu comprei lá em 2020) e Brodeck’s Report, um romance sobre o fim da Segunda Guerra Mundial. Até agora, 100% de aproveitamento. Estou adorando todos! Enquanto isso, Intermezzo e Louças de Família me aguardam na pilha ao lado da cama. Comento com vocês em breve!
E não custa lembrar: os livros que eu cito aqui nessa newsletter sempre vêm acompanhados de um link de afiliado da Amazon. Ao comprar qualquer item através desses links, eu ganho uma pequena porcentagem e você não paga nada mais por isso. Vamos ajudar essa produtora de conteúdo a adquirir mais livros e falar mais sobre eles, em um ciclo sem fim de bons conteúdos na internet? :)
fernanda é realmente um talento! baita atriz e excelente escritora. não conheço um trabalho que ela tenha feito que seja meia boca. e ainda tem um humor espertíssimo.