Um famoso app de meditação diz que nossos pensamentos são como carros em uma avenida. Eles simplesmente passam por nós, sem que sejamos obrigados a pegar carona. É esse distanciamento que nos permite observá-los sem fazer juízo de valor. Sem identificação.
Eu tento levar esse ensinamento para vida. Não só com os pensamentos, mas também com os comentários alheios. Algumas pessoas têm o dom de dizer coisas sobre nós que grudam, marcam, colam e não descolam mais. Por mais que a gente saiba que os comentários não correspondem à realidade, nem sempre é possível atingir a tal da contemplação que a meditação indica. É preciso criar um espaço, ser antiaderente - tomar um banho de teflon.
Além da nossa saúde mental, a vida em sociedade também agradece. Vai dizer que você não conhece alguém que, quando está com raiva, se transforma na PRÓPRIA raiva? Quando está triste personifica a tristeza, contaminando todos ao redor. A emoção em questão não só assume o controle do cérebro, como dá um nocaute em todas as outras. Como se um divertidamente estivesse no comando e todos os outros estivessem em coma profundo.
Há de se criar um espaço, uma camadinha ali que protege o seu eu de tudo o que vem de fora. Não precisa ser um escudo - a ideia não é deixar de sentir -, uma membrana já basta. Algo que, por mais fino que seja, nos permita observar a situação, dar dois passinhos para trás e não deixar grudar itens desagradáveis.
Vale para tudo: aquele comentário ácido do chefe, a palavra atravessada do cônjuge, a crítica destrutiva que vem disfarçada de construtiva, o comentário “inocente” da mãe. Alguns são cola em bastão - piscou, passou. Outros colam mais do que superbonder, e aí só a água morna do banho e uns 50ml de lágrimas para soltar.
A terapia tem me ensinado a respirar nas costas, sorrir e acenar como uma miss, ter a impassividade da rainha Elizabeth, mesmo quando quero dar um barraco com selo Luana Piovani de qualidade.
A terapia é o meu teflon. Sejamos todos antiaderentes.
Curtinhas!
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(Curtinhas de fato bem curtinhas pois o trabalho roubou todo meu tempo de pesquisa essa semana. Em breve voltamos à programação normal!)
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Eu te amo. Mas não gosto mais de você.
“Eu te amo, Dexter. Eu só não gosto mais de você”. Se você leu “Um Dia” ou viu o filme com a Anne Hathaway, provavelmente se lembra dessa fala. Ela marca uma ruptura na amizade de Dexter e Emma, os dois protagonistas, e sintetiza muito bem esses afastamentos que acontecem ao longo dos anos.
O que eu estou lendo?
Tudo ao mesmo tempo agora. Além de Kentukis, da Samanta Schweblin - a leitura de junho do Lendo Mulheres Pelo Mundo, estou lendo as amostras dos livros que quero comprar na Bienal. Entre eles estão: A Febre, do Marcelo Ferroni, Querido Babaca, da Virginie Despentes e V13, do Emanuel Carrere. Os lançamentos de Drauzio Varella, Marcelo Rubens Paiva e Isabel Allende também estão na lista da Bienal, mas nem me dei ao trabalho de baixar as amostras no Kindle - esses três nunca erraram comigo.
E vocês, vão na Bienal? Na FLIP? Já fizeram a listinha de desejos?
um dos melhores aprendizados que tive na terapia foi perceber que os comentários, muitas vezes, falam mais dos outros do que de nós mesmos.
Como eu queria ser antiaderente com meus pensamentos. Já tentei meditar mas é difícil. Gostei muito dessa edição da news!! bjks